Onde estou?
Quem são estes ao meu redor? Eu quero estar aqui? Onde eu realmente quero
estar?
Pensamentos
muito confusos. É exatamente assim que imagino ser a mente, mesmo que
vagamente, de uma pessoa que escolhe/aceita sair e, ao mesmo tempo, continua
preso aos prazeres do mundo virtual. Os avanços tecnológicos com os quais nos
deparamos na atualidade são realmente incríveis. Porém, em contraponto, a interação
entre as pessoas torna-se cada vez menor. Muito diferente da grande maioria dos
pontos, onde a experiência age ativamente, as tecnologias de última geração
conseguiram atrair a atenção até dos mais calejados. Um passeio em uma praça de
alimentação de um shopping qualquer pode provar, facilmente, o tema que estou
tentando explorar. As pessoas não olham-se mais nos olhos. Estão todos
concentrados nas, nem tão pequenas, telas de seus Smartphones, dividindo a
atenção entre vários indivíduos, presentes em lugares, estados ou países diferentes.
É difícil
não ceder a um aparelho que aproxima os olhos distantes e “elimina”, mesmo que
superficialmente, a saudade. Em fluxo contrário e com uma intensidade por vezes
até maior, esses mesmos mecanismos “milagrosos”, ironicamente, separam os que
estão próximos. É algo realmente complicado de conceber, por mais óbvio que
pareça. Pense o quão indelicado é estar em um lugar onde você não gostaria de
estar, acompanhado por pessoas que não lhe trazem nenhum interesse, conversando
sobre assuntos os quais não lhe despertam um mínimo sentimento. Qualquer um,
nestas situações, tem a vontade de abandonar o barco e dizer um “nunca mais”
transvestido de “até a próxima” para tais companhias. A educação, ou os
interesses futuros, é o fator que nos impede de desistir e deixar as pessoas
responsáveis por tal desprazer a sós imediatamente. Quando fazemos algum
convite, seja para amiga(o), namorada(o) ou familiar, para sair, almejamos
aproveitar um momento único. Momentos que geram prazer mútuo. Construir memórias
que possam ser lembradas por toda uma eternidade. Porém, auxiliados pelos
benefícios dos avanços digitais, os convidados desdenham da companhia e
debandam para os próprios mundos, em busca de realidades divergentes.
Ao meu ver,
tal atitude soa como uma afronta ao convite feito e aceito de livre e
espontânea vontade, visto que ninguém é obrigado a ir onde não quer. Em
momentos assim, as dúvidas, que imaginei inicialmente assombrar as mentes dos
interlocutores “surdos”, transferem-se para a minha cabeça. Será que ela(e)
realmente queria estar aqui? Bem provável que não. É notável que, com o passar
dos anos, as pessoas sentem-se cada vez mais insatisfeitas com o que tem, com
as consequências das escolhas feitas, mesmo que indiretamente, no passado. Essa
“revolta” pessoal é o que talvez nos leve a necessitar preencher tanto o nosso
tempo com várias tarefas, findando com o período hábil de vida, e pessoas,
tornando-as cada vez mais descartáveis. São inúmeras expectativas não atendidas.
Possíveis desejos acumulados, necessidades destoantes da própria realidade e
até pressão social por aspirações gerais, que talvez nem sejam realmente bem
quistas pelos requisitados.
Na realidade, na vida, existem mais perguntas
que respostas e isso nunca mudará. Não há um único ser humano que tenha
explicações para todas as dúvidas. Analisando o rumo que a sociedade está
tomando, seguindo o fluxo natural e contínuo da evolução, marchamos,
apressadamente, para a dominação total das tecnologias. Estamos nos transformando
em seres mecanizados, sem resquício nenhum de humanidade em nossos atos e
palavras. Pessoas que segmentam-se entre tantos lugares específicos e
inconcebíveis que não conseguem responder um simples questionamento: Onde eu realmente
quero estar?
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